sexta-feira, 14 de setembro de 2012

OS MAIORES SUPERVILÕES E O FIM DOS SUPER-HEROIS



Se você achou que ia encontrar um texo falando do Lex Luthor, Magneto e cia, errou feio. Esse texto fala sobre as Editoras de Quadrinhos, Prudutoras de Cinema e Canais de TV de modo geral. Leia e quem sabe aprenda alguam coisa, jovem padawan.

Nos malfadados anos 90, as editoras, a exemplo da Marvel Comics, tentaram alavancar a venda de  revistas usando a mágica fórmula do padrão "arquétipo+esteriótipo”. Desde então, toda equipe de super-herois passava a ter um cara fortão, um revoltado, um certinho, uma gostosa, um bonitão, um sacana, e e assim por diante. Quase sempre, esses “arqueriótipos” (arquétipo+esteriótipo) possuíam ideologias diversas e entravam em conflito continuamente para se afirmarem como gente no mundo, (tipo os adolescentes). Ás vezes os arqueriótipos (essa palavra non ecxiste) se misturavam criando combinações bem conhecidas: fortão certinho (Colossus, Superman), fortão sacana (Guido, Grunge), bonitão revoltado (Bandoleiro, Gavião Arquiro), gostosa sacana (Psilock, Catwoman, Fogo), bonitão certinho (Ciclope, Capitão America) sacana bonitão (Homem de Ferro, Gambit), certinha gostosa (Jean Grey, Tempestade, Mulher Maravilha) na tentativa de mudar um pouco a velha mesmice. 
"...estamos sozinhos e você só quer a minha mão?"
Tá certo, os personagens já existiam bem antes disso, mas houve muita forçação de barra pra "enquadrar" eles apenas nisso: Aparência Radical e Jeitão Radical. Heroísmo que é bom, estava em falta. Mas a formula desgastou com o tempo. Mas no decorrer dos anos 90 até os X-Men, maior exemplo dessa "regra criativa" caíram em decadência. Era preciso então, fazer uma "Revolução dos Quadrinhos". As Editoras precisavam fazer acontecer alguma coisa que quebrasse os paradigmas da década anterior. Era o ano 2000 chegando e as novas possibilidades do mercado. Filmes como Matrix e o Senhor dos Anéis estavam abrindo a menste das pessoas de volta aos filmes de fantasia e ficção. Era o momento que as editoras esperavam.Vamos investir nos filmes de super-heróis. Filme dos X-Men. Filme do Homem –Aranha. Filme do Quarteto Fantástico, e roteiros para Justiceiro, Iron-man, Capitão America prontos pra sair. Tinha-se de novo gás para se comercializar super-heróis, porém agora, considerando eles como existentes em um "mundo real". 

Mundo real? Super-heróis no mundo real? Sério? Mas se a verossimilhança da fantasia e ficção é se afastar do mun do real?
Começou-se então uma tempestade de releituras, transformações, adaptações e readaptações dos heróis dos quadrinhos para o que seria o “mundo real cinematográfico”. Homem-Aranha passou a ter teias orgânicas, porque lançadores de teias criados por um estudante gênio não era real. Ceeerto, e teias orgânica são, né?
 Dr. Destino que com pele de metal e que lança raios elétricos. Okey, okey, porque um cientista doido que vira ditador e veste uma armadura medieval é menos provável de acontecer, que um astronauta voltar do espaço com pele de ferro e soltando raios.
 E assim foram mudanças e mudanças. Tudo em nome da liberdade criativa do cinema...
A onda de novas interpretações nas histórias dos heróis não se limitaram apenas aos estúdios de cinema, ela também chegavou às editoras, que passaram a remodelar seus personagens à forma de suas versões cinematográficas para poder vender mais. 
Lamento garotas, mas o Wolverine "real " é o da esquerda
O Wolverine baixinho, feioso e grosseirão virou no decorrer de um ano um cara boa pinta, galante, simpático, bonitão e virtualmente mais alto. Enfim, o Logan virou o Hugh Jackman. E não o contrario. 

Alguns passaram a usar uniformes de couro preto, como operativos, ou ter uniformes com design de roupa de academia. Algumas equipes foram reformuladas a ter atitudes mais violentas, justificadas por uma inusitada recem adquirida consciência política filosófica de pós-doutor de faculdade. Sem falar nos traumas existenciais que passaram a desculpar qualquer atitude em nome do bem maior.
E isso era só o começo.

Mas e qual o problema disso? Sim, e daí? O que é que tem? O que é que tem? Ta ofendendo alguém?

A questão não é essa, crianças. Quadrinhos têm uma característica literária que os liga a cultura popular de uma época histórica, e que se compõem de personagens com características arquetípicas lendárias e reais. Esses arquétipos lendários e reais, como são descritos por Campbell e Jung (caras importantes,  estude sobre eles) criam a identificação de uma pessoa com um determinado arquétipo de herói e sua situação. Essa tática era usada por grandes civilizações antigas para de ensinar, através de fábulas, mitos e lendas, os mais jovens de como proceder corretamente no mundo. Arquétipos influenciam escolhas.
Com moral até a morte
Os antigos super-heróis dos quadrinhos eram moldados nisso. Seguiam um código de honra, seguiam seus códigos morais que os definiam como heróis. Matar não era uma opção, era uma fatalidade. Alguns heróis possuíam seus defeitos, mas isso dava a eles humanidade. Tornava-os real.
Mas hoje isso mudou. Se antes, os heróis ensinavam alguma coisa, hoje não ensinam nada, quando não estão ensinado o errado.

Mas no advento dos anos 2000, as editoras que queriam por fim na padronização de clichês de comportamento, acabaram por dar uma personalização adversa a que os heróis tinham.
Essa DESCARACTERIZAÇÃO passou tornou-se a ordem do dia. Tudo isso pra agradar “novo publico” jovem, que agora queria ler a mesma história vídeo-game de morte e destruição, só pra relaxar,  em qualquer quadrinho quisessem ler.
“...Há! Eu não gosto do Homem de Ferro, ele é muito besta. Gosto mais do Wolverine, do Justiceiro, do Spaw, por que eles são escrotos e matam pra valer!!!”
Meses depois:
“...Há! Eu não gosto mais de quadrinhos, porque é tudo igual. Não muda nunca. O povo fica só reciclando as velhas histórias pra vender revista e blá, blá... To gostando do Homem de Ferro porque agora ele tá macho. Bate pra valer e não tá nem aí pra nada...além disso o filme foi legal, tinha um monte de efeitos...”
Enfim, não estou criticando o seu modo de gostar. Gosto é como estilo, cada um tem o seu. Estou criticando o modo de vender das companhias. As grandes CIAs de Comunicação (Warner, Fox, Disney) que são “donos dos heróis” criaram a política de marketing pra vender “excitação” disfarçado de cultura. Eles também vendem emoção, no lugar de boas histórias. E isso TÁ ERRADO.  
TÁ MUITO ERRADO.
Hã, tá o que?
 Mude o herói o quanto precisar,menos a sua essência. Mude o uniforme o quanto quiser, menos seu código de conduta. Mude a história tornado-a mais moderna, mas não mude aquelas histórias que fizerem dele aquilo ele é. Caso contrário, tudo que foi escrito, desenhado,impresso e mostrado não valeu nada. Você foi explorado. O que você pagou por uma revista passou a ter um valor bem mais alto que o preço da capa, porque para as editoras e produtoras aquela história não valia nada mesmo. Era só desenho e letra impresso em papel jornal.

 Os editores de HQ dizem que hoje essa é a mentalidade dos jovens, por isso é preciso dar eles o que eles querem comprar. Os quadrinhos "são assim hoje por causa deles". Em parte eles estão certos, mas em maior parte eles estão errados. É obrigação dos editores publicarem histórias de teor heróico que confirme a tendência nobre dos personagens heróicos. Que os determine e defina como paladinos da justiça e combatentes que se opõe a toda maldade no mundo. Sem deturpações de caráter ou atitudes adversas.

E aqueles que são anti-heróis que sempre sejam anti-heróis, nada de ficarem bonzinhos ou malvados só pra ganharem destaque, pois eles sempre roubam a cena sendo apenas eles mesmos.  

Histórias de heróis servem pra contar histórias de heróis, e não de vagabundos fantasiados com retardamento mental, que são tachados de heróis só por serem populares.

The Boys - Crossed - e cena de Savage Dragon

Você deve achar que sou um Fanboy revoltado que não gosta de mudanças. Pelo contrário, adoro mudanças. Renovação. Mas fazer algo novo, não é fazer o contrario do que você faz todo dia. Não é ser ou seguir conceitos contrários aos que você segue. Nada disso. O nome disso é falta de caráter. É não ter compromisso com nada nem acreditar em nada, e ser desprovido de bases de valores que definem uma personalidade.  É acreditar que o lixo é legal só porque incomoda. Hérois tem que ser mais que isso.

Morte do Homem-Aranha Ultimate, exemplo a se seguir
Os super-heróis dos quadrinhos possuem personalidade. Eles são exatamente o que suas origens, cruzadas e escolhas os definem. Eles são aquilo o que há de melhor que a humanidade tem a oferecer, e que deve almejar alcançar. E isso não pode nem deve ser modificado pra se ganhar mais dinheiro. As editoras devem vender heroismo, uma vez que elas não podem dar esses valores de graça.

 Alguns vão dizer:
“...Cara, isso é besteira, é só revista, é só diversão, acorda pro mundo real...”
E eu vou dizer:

Quadrinhos são coisa séria. “...Ao se controlar o que as pessoas lêem, ouvem e vêem, e você controla o que elas pensam. Faça isso com as crianças e jovens e você controlará os rumos do futuro”. (Adorno & Horkheimer).

Acorde você.

Marc Gadelha

2 comentários:

  1. Infelizmente a podridão a amoralidade e a burrice é o que eles querem impor às pessoas. Consequência disso? Ódio, materialismo, cinismo, falta de caráter e uma total ignorância do que realmente importante.

    Excelente texto, muito lúcido e muito bem escrito....

    ResponderExcluir
  2. Putz, comecei a ler e não consegui parar, é exatamente o que eu penso, tenho 44 anos e sempre adorei os quadrinhos, Fã de carteirinha do cabeça de teia, e muito chateado com o que fizeram nos filmes dele (primeira trilogia), muitos dizem que é mais plausivel ter teia organica do que criar um lançador de teia, mas aposto que em algum lugar tem um inventor que é inventor pq Peter Parker era um inventor. Abraços!

    ResponderExcluir